segunda-feira, 8 de agosto de 2011

GUARDIÃO


Segundo cápitulo... Por favor comentem...

CÁPITULO II – A TRILHA

A trilha é incerta e difícil.
A névoa, densa e fria, se agarra as minhas roupas, enregelando meu corpo.
Tropeço nas raízes a todo o momento. Caio a cada dez passos. Minhas mãos e joelhos estão feridos, o cascalho corta minha carne a cada queda.
A floresta é antiga, cheia de musgo, escura. Não há vento ou barulho de animais. Tudo me oprime. Um medo infantil, quase que primal, toma conta de mim. Tento correr, o que só me faz cair, mais e mais.
Exausto, sento. A névoa fica mais densa, a escuridão começa a dominar a tudo. A noite cai.
Meu coração parece estar prestes a explodir. O pavor me domina. Corro, caio, rastejo. Arfando como um animal, me jogo a cada instante, mais profundamente no coração da floresta.
A cada metro a escuridão se torna mais forte, mais tangível, realmente palpável, como algo vivo. Algo mau.
Bato em um galho, tombo como uma fruta podre. Arfando sinto o sangue escorrendo em minha face. O medo por um instante se dissipa. Estranhamente me sinto tranqüilo, é quando escuto...
Galhos partindo na escuridão, o som de passos. Passos de várias pessoas. Pessoas? Ninguém mora aqui.
O medo dá novas forças ao meu corpo flácido. Novamente corro pela trilha.
Espumo ante a terrível estafa, mas não paro, o som de passos é cada vez mais próximo. Vejo lumes ao meu redor, parecem olhos brilhando na escuridão, como gatos na noite.
Novamente tropeço. Caio, rolando sobre meu corpo, sinto meus ossos arderem, devo ter quebrado algo, mas não paro, me arrasto como um animal. O horror me domina.
Corro. A cada passada os lumes estão mais próximos, o som mais vivo.
Vejo silhuetas se destacando na escuridão, cada vez mais perto, mais, mais, cada vez mais.
Já a beira da total exaustão, uma luz se faz na distância, uma forte fogueira. Mas quem a acendeu?
Continuo correndo, somente o medo me impele.
Tombo de peito em um pátio de pedras. Uma enorme fogueira arde em seu centro, atrás, a casa de minha família. A porta da frente se abre, alguém se aproxima.
Exausto e completamente sem vontade, a escuridão toma meus olhos. Desmaio.
Mais nada importa.

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